SANTA FEBRÔNIA 5 DE JUNHO
Santa Febrônia é venerada pelas Igrejas do Oriente, incluindo a de Etiópia, enquanto que, no Ocidente, é conhecida e venerada nas cidades de Trani, Apúlia e Patti, na Sicília, onde se diz que são conservadas algumas de suas relíquias. Ela sofreu o martírio em Nísibis, na Mesopotâmia, por volta do ano 304, durante a perseguição de Diocleciano. Quando Febrônia contava apenas dois anos de idade, seus pais a deixaram aos cuidados de sua tia Briene, que dirigia um monastério em Nísibis. Ali ela cresceu, tornando-se uma bela jovem de alma tão cândida que ignorava por completo o mundo exterior, preocupando-se apenas em adornar-se com as virtudes que a tornassem digna da promessa celestial. Sua tia, Briene, cuidou – segundo os padrões da época em que viviam – com escrupuloso esmero de sua educação, preparando-a para as tentações que necessariamente a assaltariam, não permitindo que a sobrinha comesse senão de três em três dias, e obrigando-a a dormir sobre uma estreita prancha de madeira.
Febrônia era uma menina inteligente, e soube aproveitar muito bem os ensinamentos que lhe eram ministrados, a tal ponto que, com a idade de dezoito anos, recebeu a tarefa de ler e explicar as Escrituras para as monjas todas as sextas-feiras. As mais nobres e destacadas damas da cidade assistiam a estas leituras, mas a tia Briene tinha tomado a precaução de manter oculto sob um véu o belo rosto de Febrônia, para que as senhoras não a advertissem de sua extraordinária beleza e, ao mesmo tempo, para não perturbar a menina que, ao longo de sua vida, não tinha visto a ninguém, a não ser as outras monjas.
A pacífica existência no convento foi brutalmente interrompida pela perseguição. Os cruéis editais de Diocleciano foram aplicados com especial ferocidade em Nisibis, pelo prefeito Seleno. Os clérigos, juntamente com o bispo, saíram rapidamente em fuga, e todos os religiosos seguiram o exemplo; permaneceram no claustro apenas Briene, sua sobrinha Febrônia, que estava se recuperando de uma grave doença, e Tomáis. Quando os oficiais chegaram para fazer um registro no convento, não se preocuparam em prender as duas monjas mais idosas, mas apenas levaram Febrônia.
No dia seguinte, ela foi levada ao tribunal, diante do prefeito Seleno. O prefeito, por sua vez, encarregou a seu sobrinho Lisímaco a tarefa de interrogá-la. O jovem começou a fazê-lo com cortesia e até com certa condescendência, pois sua mãe era cristã e, assim, não continha a sua simpatia pela prisioneira. Mas Seleno interveio intempestivamente e, com certa malícia, prometeu a Febrônia a sua liberdade e grande riqueza se, renunciando à sua fé, consentisse em se casar com Lisímaco. A bela jovem respondeu simplesmente que não desejava riquezas, pois que já possuía um grande tesouro no céu; e que não estava à procura de um marido, já que desposava seu Imortal Prometido, que lhe dava como dote o Reino dos Céus. Furioso com tal resposta, Seleno ordenou que a jovem fosse despida, pendurada pelos braços sobre brasas e açoitada. Os soldados executaram a ordem, arrancando-lhe ainda dezessete dentes e cortando-lhe os seios. Entre os indignados protestos da multidão que lotava a sala, os torturadores foram ainda mais cruéis com sua vítima; fizeram-lhe em pedaços os seus membros e, finalmente, vendo que a santa ainda vivia, puseram fim à sua vida a golpes de machado.
Pouco depois, Seleno recebeu a retribuição pela atrocidade de suas ações: um ataque súbito de loucura o levou a voltar-se contra si próprio e, arremessando-se de cabeça contra as colunas de mármore de seu palácio, morreu ao ter o próprio crânio destroçado pelos impactos. Por ordem de Lisímaco, os restos mortais de Febrônia foram reunidos e levados a um digno e magnífico funeral. O espantoso martírio de Febrônia fez com que um grande número de pagãos pedisse o batismo. Lisímaco foi um dos primeiros e mais tarde, no tempo do imperador Constantino, tomou o hábito monástico.
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