APARIÇÃO de NOSSA SENHORA EM BALUGÃES. PORTUGAL
"Era, numa tarde cálida de Agosto de 1702, andava um pequeno pastor, de nome João Alves, a guardar, como de costume, o seu rebanho, no monte de Castro de Balugães, a três léguas ao norte de Barcelos; de súbito, se desencadeou uma trovoada medonha; o pequeno, entrando-se de medo, sem poder reunir o espavorido rebanho, viu-se compelido a procurar abrigo no desvão duma lapa, no lugar em que o surpreendera a tempestade.
A emergir de um envoltório de luz suave, apareceu-lhe a Senhora, que lhe perguntou a razão do seu espanto; e ele, que nascera mudo, desprendendo-se-lhe a fala, responde-lhe que chora de susto.
Anima-o a Virgem, e diz-lhe que vá prevenir o pai (este era pedreiro) que era seu desejo lhe construísse ali uma ermida. Correu a criança a comunicar as ordens recebidas; mas o pai não lhe deu crédito, nem, ao me-nos, inquiriu do filho a razão daquela estranha mudança, pois via-o agora a falar.
Volta no dia seguinte ao monte o pastorinho, que desta vez chorava de fome;
apareceu-lhe de novo a Senhora a reiterar o pedido; a fim de o alentar e de reduzir a incredulidade daquele pai insensível, adverte que vai mudar em pedaços de pão alvíssimo as migalhas, quase esgotadas, do pão negro do alforge do esfomeado zagal; da mesma sorte, deste pão de milagre, o forno vazio da sua casa o pai encontraria repleto a mais não caber. E o duplo milagre deu-se."
O Pastorinho acometido de infantilismo, quiçá provocado por meningite quando criança, apareceu curado depois da Aparição, e tão radicalmente que foi nomeado pelo próprio Arcebispo de Braga, Sacristão dos templos da Senhora, nos quais ajudava às missas, como qualquer normal. Neste ministério viveu durante oito anos, assistindo como colaborador manual à edificação das duas capelas, sobre a laje em que lhe apareceu a Senhora, e à do templo-memória, durante os três últimos anos da sua vida. Antes da cura milagrosa, chamavam-lhe João Mudo, e depois era tratado por «Fr. João de Nossa Senhora Aparecida».
Capela e santuário ajudados a construir pelo pastorinho e vidente João Alves
Mais tarde, estando João a ajudar o pai numa obra de pedreiro, caiu de uma ponte alta, com o cântaro cheio de água. O rapaz não se aleijou, nem o cântaro se partiu ficando direitinho em cima de sua cabeça, não deixando cair sequer a água.
A capela foi construída no local onde, documentada em arquivos históricos, Nossa Senhora teria aparecido, em 1702, ao pastor João Alves, cujo corpo jaz no interior da capela. O altar está construído sobre a rocha, onde Nossa Senhora apareceu. Imagem do vidente João Alves que se encontra junto ao seu túmulo dentro na capela
Debaixo da capela construída sobre o penedo onde ocorreu o milagre a João Mudo, pelo que recuperou a fala, existe um corredor muito baixo e estreito cavado no penedo, pelo que, segundo a crença, só passa quem estiver em graça..
“E o suave aroma que rescendia o penedo que foi peanha da Senhora, e percebido pelo pai do Vidente, quando foi examinar o sítio da aparição, e que ficou narrado por Fr. Agostinho de Santa Maria”. (1642-1728)
A pequena paróquia de Balugães foi na primeira meta-de do século dezoito, centro poderoso de atracão católica para todos os portugueses, particularmente para os fiéis da região de Entre-Douro-e-Minho. Ali acorriam diariamente piedosas romagens de peregrinos, para venerar o sítio onde a Mãe de Deus se dignara aparecer.
A falta de imprensa periódica para reclamo e defesa deste facto sobrenatural, e sobretudo o arrefecimento da fé cristã, ocasionado entre nós, no final daquele século e na primeira metade do seguinte, pela penetração dos intensos erros maçônico liberais, na classe secular e eclesiástica, enuviaram a aparição de Balugães.
Contudo, a fama dos factos sobrenaturais de Balugães deveriam ser algo estrondoso, para que chegassem aos ouvidos do apreciado escritor mariano do século dezoito, Fr. Agostinho de Santa Maria, (1642-1728) o qual, entre muitas outras obras, publicou o» Santuário Mariano», ou a História das imagens milagrosas da Santíssima Virgem, que residia em Lisboa, no seu, convento da Senhora da Boa-Hora, se não no de Évora, em que fora Prior e subissem os ecos da aparição à corte de D. Pedro II, com tal clarividência, que moves-sem a sua real piedade, perpetuada na coroa de prata que mandou à Senhora. E tudo isto naquele tempo em que Lisboa ficava distante de Balugães quatro ou cinco dias de viagem, nem havia imprensa periódica para re-gistar e espalhar esta graça divina.
Como os devotos que concorriam a este local eram muitos, assim sentiam ser a sua casa pequenina, todos pediam que lhe edificasse uma casa muito grande, e com estes fervorosos desejos todos ajuntavam pedra. À vista destes fervorosos desejos que todos mostravam, mandou o ilustríssimo Arcebispo Primaz de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles, edificar à Senhora um grande e formoso templo, de estilo neoclássico (1707 a 1720), com duas torres, sendo os seus altares de estilo barroco, de uma policromia extraordinária. Aqui, poder-se-á encontrar o mais belo estilo barroco no altar-mor desta igreja.
Durante o ano acorrem milhares de devotos romagem até este Santuário Mariano em busca de proteção. A 15 de Agosto, realiza-se uma grande peregrinação, que parte da Capela de S. Bento em direção ao Santuário de Nª Senhora. Nela participam as freguesias dos concelhos limítrofes, pertencentes às Dioceses de Braga e de Viana do Castelo.
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