APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA EM VILAS BOAS - BRAGANÇA A UMA MENINA DE NOME MARIA DE 10 ANOS. ANO DE 1673
Vilas Boas é uma antiga freguesia portuguesa do concelho de Vila Flor, com 28,57 km² pertencente ao distrito de Bragança. Foi vila e sede de concelho extinto em 1836. Era constituído pelas freguesias da vila e de Vilarinho das Azenhas. Tinha, em 1801, 708 habitantes e 43 km².
APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO, descri-ta por Frei Agostinho de Santa Maria, em Santuário Maria-no, Tomo Quarto, Titulo LXIII, p.225-226, ano de 1712.
“Em 4 do mês de Setembro do ano de 1673, estando uma menina de 10 anos de idade, chamada Maria, filha de Jácome Trigo, natural da mesma vila de Vilas Boas, em um ribeiro, que corre a nascente da vila, lavando, referiu que sentira uma fragrância tão extraordinária e admirável, que com admiração do que sentia, levantara a cabeça e vira junto a si uma mulher muito bela e mais resplandecen-te que o sol e que ela lhe dissera:
Não temas menina, vem cá; e que indo lhe lançara a bênção e levando-a a uma ribanceira de barro ou piçarra seca, da qual saíra logo uma milagrosa fonte de água (que ainda hoje permanece) e pondo-lhe a mão na cabeça lhe lançara água sobre ela, molhando-a toda até lhe cair pelo rosto, e que tirando-lhe à menina o lenço da cabeça lhe limpara o rosto e as faces, dizendo-lhe: Agora estás sã do mal que padecias, bem podes ir segura dele para casa; mas a sezão que tiveste sexta-feira te há-de repetir hoje, vai depressa, não te dê no caminho.
Disse-lhe mais: Lembras-te quando ias defronte da minha Casa, em a Portela de Vale Formoso, que então peguei em ti sem tu o saberes; porque os maus espíritos te leva-vam a despenhar em uns penhascos com grande violência e que em teu seguimento ião João Lopes e Afonso Trigo, o qual te levou nos braços para casa?
“Eu sou a Virgem Maria, a Senhora da Assunção.”
E referia mais a menina, que a Senhora lhe atara em dois dedos uns fios de seda verde e encarnada muito cheirosos: também referem que a Senhora lhe mandara, dissesse ao seu Ermitão lhe concertasse o telhado da sua Ermida e reparasse a sua Casa e quando duvidasse, o dissesse da sua parte a gente do povo e que jejuassem a primeira sexta – feira a pão e água; porque eu (dizia a Senhora) não cesso de pedir a meu Filho santíssimo por todos vós, que se eu não fora, já vos tivera assola-do; e que neste passo desaparecera a Senhora.
E que também lhe recomendara não tirasse os fios dos dedos.
Em 7 do mesmo mês estando esta mesma menina com seus pais na sua eira (que eram lavradores), limpando um pouco de cereal, lhe disse a mãe que apartasse dali a um menino que tinha pequeno, e que retirou-o ela assim, para traz da palha da mesma eira, lhe apareceu outra vez a Senhora (sendo já o sol posto), e que lhe mandara fosse à sua Ermida e que pedisse licença a seu pai.
Com este mandato se foi ao pai e posta de joelhos com as mãos levantadas, lhe pediu pelas chagas de Cristo, lhe desse licença para ir a Nossa Senhora.
O pai lhe respondeu que não podia ir, porque era noite.
Ela sem mais dilação saltou a parede (que seria a guarda da mesma eira), e se foi quase voando; porque via a Senhora esperando por ela.
E chegando à meia ladeira do monte onde estava uma Cruz. A Senhora a esperava e logo sem saber como se achou na sua Ermida, que viu cheia de luzes, e resplendores e as portas fechadas com chave.
Disse-lhe a Senhora: Sabes o que te quero? É que vás à Vila ainda esta noite a lembrar o jejum; porque está a gente esquecida.
E que então lhe tirara a Senhora os fios dos dedos e lhe pusera outros em três, também muito cheirosos. E que depois viera até à mesma Cruz, sem saber como; e que dali lhe pusera a Senhora uma grande pedra ao ombro, e lhe perguntara se lhe pesava muito. Respondeu a menina que não pesava nada, e tirando-lha a pusera ao pé da Cruz, aonde estava antes.
E tomando a Cruz que era de madeira, e dando-a à menina lhe disse: Toma esta Cruz, e vai pela Vila e dá-la-ás a beijar a todos e diz-lhe que se não esqueçam do jejum. Veio a menina a casa de seus pais, aonde estavam Bento Lopes e um moço chamado João, pediu duas velas acesas, e a eles que a acompanhassem. Correu toda a Vila e fazendo um grande vento nunca as velas se apagaram e ia seguindo a ordem que tinha, lembrando o jejum, e dando a cruz a beijar a todos.
No dia seguinte eram 8 de setembro e dia da Natividade da Senhora em uma sexta-feira, tomou a menina a Cruz, que tinha em casa de seus pais, junto a um Crucifixo, e a levou ao mesmo lugar donde a havia trazido.
Dia nove, que era o dia seguinte, indo a menina começar uma novena de nove sábados, depois de fazer oração dando volta à Ermida, viu a Senhora sentada sobre uma pedra, e chegando a menina a ela lhe disse a soberana Senhora: Venhas em boa hora, que fizestes um trabalho, sem se aproveitarem, porque nem o dízimo da gente da Vila jejuou, porque te não deram crédito.
Neste tempo lhe tirou a Senhora os fios dos dedos, dizendo que já não eram necessários. E dizendo isto desapareceu e a menina continuou a sua novena e ao mesmo tempo lhe disse a Senhora, que todos os Sábados fosse à sua Casa. “
Descrição da Imagem de Nossa Senhora da Assunção no tempo em que o Santuário se resumia a uma humilde Ermida no alto do monte.
"É esta Santíssima Imagem de escultura de madeira incorruptível, a sua estatura são três palmos, e sem embargo de ser perfeitissimada trabalhada, a adornam hoje, por maior veneração, com ricas roupas."
SANTA MARIA, Frei Agostinho de – Santuário Mariano, Ano de 1712, Tomo Quarto, Titulo LXIII, P.229.
Santuário de Nª. Sra. da Assunção, em Vilas Boas - É o maior e um dos mais importantes santuários Marianos de Trás-os-Montes. Erguido no século XIX no alto de um monte que domina toda a paisagem envolvente, representa um dos pontos mais altos do Concelho, com cerca de 760 metros de altitude. O Santuário de Nª Srª da Assunção, é também Miradouro de primeira qualidade. Junto ao varandim do adro obtém-se uma rara e vasta paisagem, cobrindo a vizinha Sanábria, Montesinho, Bornes, Mirandela e as vilas e aldeias vizinhas num raio de 100 km. A sua história é milenar visto ter existido um castro neste magní-fico monte, que justamente foi escolhido pela sua capacidade de Posto de Vigia. Possui uma igreja de nave única e capela-mor retangulares, várias capelinhas espalhadas pelo recinto e um monumental escadório, tudo envolto em imensos tufos de floresta.
NESTA FONTE MILAGROSA E COM ESTA ÁGUA ACONTECERAM MUITAS, MUITAS CURAS, DURANTE LONGOS ANOS E SÉCULOS. O POVO FAZIA ENORME FILA PARA PEGAR A ÁGUA E REZAR NESTE LOCAL, ONDE SE ENCONTRAVA e atualmente ainda se encontra UMA IMAGENZINHA DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO.
DAÍ, JÁ NO SÉC.XX, UM PÁROCO, VIZINHO DESTA PARÓQUIA, RESOLVEU FAZER QUEIXA AO BISPO, POIS DIZIA QUE AS PESSOAS SE DIRIGIAM A ESTE LOCAL DA APARIÇÃO E A IGREJA DELE FICAVA VAZIA. ENTÃO O BISPO PROIBIU O POVO DE IR AO LOCAL E RETIRARAM, TAMBÉM, A IMAGEM DE NOSSA SENHORA.
O POVO SE REVOLTOU NÃO ACEITANDO A ORDEM DO BISPO. O PÁROCO, PARA ACALMAR OS ÂNIMOS DISSE QUE ERA SÓ POR UM PERÍODO, CURTO DE TEMPO.
O POVO SERENOU, MAS COMO VIAM QUE O TEMPO PASSAVA E TUDO FICAVA NA MESMA, VOLTARAM A EXIGIR A IMAGEM NESTE LOCAL DA APARIÇÃO E DA ÁGUA MILAGROSA. COMO NEM PADRE NEM BISPO CEDERAM, O POVO SE JUNTOU E UMA NOITE ASSALTARAM A RESIDÊNCIA DO PADRE E ESTE TEVE QUE FUGIR, ASSIM COMO A EMPREGADA E NUNCA MAIS VOLTOU.
FOI ASSIM QUE O POVO REAVEU A PEQUENINA IMAGEM DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO, que se encontrava na residência do padre E A VOLTARAM A COLOCAR NO SEU NICHO, NESTE LOCAL DA APARIÇÃO ONDE AINDA HOJE SE ENCONTRA
(contado por gente do povo cujos familiares, mais antigos, viveram esta história)
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