Soror Josefa Menéndez e as Mensagens do Coração de Jesus
Nasceu em Madrid, em 4 de fevereiro de 1890. Ainda
muito jovem entrou para a Sociedade do Sagrado Coração, na França, onde muito
cedo foi objeto das revelações do Divino Mestre. Teve uma vida breve, faleceu
em 1923, aos 33 anos de idade. E em 30 de novembro de 1948, foi iniciado seu
processo de beatificação.
Dez anos
antes de se instaurar o processo, o Cardeal Eugenio Pacelli, futuro Papa Pio
XII, deu a conhecer ao mundo um livro escrito pela Irmã Josefa, intitulado
“Apelo ao Amor”, que relatava as experiências místicas da religiosa durante sua
breve vida.
Nas
revelações, encontramos em palavras pungentes a manifestação do amor infinito e
aparentemente incompreensível de Deus que se entregou por nós.
Belíssimas Colocações de Nosso Senhor Jesus Cristo…
“Ah! Se as almas soubessem como as espero
cheio de misericórdia! Sou o Amor dos amores! E não posso descansar senão
perdoando!”
“Enquanto tiver o homem um sopro de vida,
poderá ainda recorrer à misericórdia e implorar perdão. Vosso Deus não
consentirá que vossa alma seja presa do inferno”.
“Estou sempre esperando com amor que as
almas venham a Mim! Não desanimem! Venham! Atirem-se nos meus braços! Não
tenham medo! Sou seu Pai!”.
Além das mensagens do Sagrado Coração, Josefa
Menéndez teve também revelações sobre o Inferno,
que Deus permitiu para nosso conhecimento e reflexão. É tão terrível a
experiência desta alma privilegiada, mas ela sofreu para a salvação das almas,
segundo vontade do Divino Redentor.
Soror
Josefa Menéndez e o juízo particular da alma religiosa
A meditação desse dia, dia
22 de setembro de 1922, era sobre o Juízo Particular da alma religiosa.
Minha alma não podia afastar esse
pensamento, apesar da opressão que sentia.
De repente senti-me atada e acabrunhada
com tal peso, que num instante percebi com mais claridade do que nunca o que é
a santidade de Deus e como lhe aborrece o pecado.
Vi como num relâmpago toda a minha vida
diante de mim, desde a minha primeira confissão até o dia de hoje.
Tudo estava presente: os meus
pecados, as graças que recebi no dia de minha entrada em religião, minha tomada
de hábito, meus votos, as leituras, os exercícios, os conselhos, as palavras,
todos os socorros da vida religiosa, da vida de uma freira, os conselhos que me
foram dados, as palavras que eu ouvi, todos os socorros para amar
verdadeiramente a Igreja, a Nossa Senhora e a Deus, tudo esteve presente diante
de mim em um só momento.
Não há expressão que possa dizer a
confusão terrível que a alma sente nessa hora: “agora é inútil, estou perdida
para sempre”.
Instantaneamente achei-me no Inferno, mas
sem ter sido arrastada como das outras vezes. A alma lá se precipita por si
mesma, como se desejasse desaparecer da vista de Deus para poder odiá-lo e
amaldiçoá-lo.
A minha alma deixou-se cair num abismo
cujo fundo não se pode ver, pois é imenso. Imediatamente ouvi outras almas se
regozijarem vendo-me nos meus tormentos.
Ouvir aqueles horríveis gritos já é um
martírio, mas creio que nada é comparável em dor à sede de maldição que se
apodera da alma; e quanto mais maldiz, mais aumenta a sede.
Nunca tinha experimentado aquilo; outrora
a minha alma ficava cheia de dor diante daquelas horríveis blasfêmias, embora
não pudesse produzir nenhum ato de amor. Mas hoje dava-se o contrário. Vi o
Inferno como sempre: longos corredores, cavidades, fogo; ouvi as mesmas almas a
gritar e a blasfemar.
Pois como já escrevi, embora não se vejam
as formas corporais, mantêm-se os tormentos como se os corpos estivessem
presentes e as almas se reconhecessem. Gritavam: Olá, aqui estás como nós;
éramos livres de fazer ou não fazer aqueles votos. Agora, agora... E maldiziam
os seus próprios votos.
Fui empurrada para aquele lixo inflamado e
esmagada como que entre duas tábuas ardentes, e era como se pontas de ferro em
brasa se me enfiassem no corpo.
Senti como se quisesse, sem conseguir,
arrancar minha língua, tormento que me reduzia a extremos de dor.
Os olhos pareciam sair-me das órbitas.
Creio que por causa do fogo que tanto os queimava.
Não havia uma só unha que não sofresse
horrivelmente. Não se pode nem mover o dedo para buscar alívio.
Não se pode nem mover um dedo para buscar
alívio, nem mudar de posição, o corpo fica como que achatado e dobrado pelo
meio.
Os ouvidos ficam acabrunhados com os tais
gritos de confusão que não cessam um instante. Um cheiro nauseabundo e
repugnante asfixia e invade tudo. É como se carne em putrefação estivesse
queimando com piche e enxofre, mistura que não se pode comparar a coisa alguma
no mundo dos vivos.
Tudo senti como das outras vezes. E embora
fossem horríveis esses tormentos, nada seriam se a alma não sofresse. Mas sofre de maneira que não se pode
descrever. Não posso explicar o que foi esse sofrimento, muito diferente dos
que experimentei das outras vezes, pois se o tormento de uma alma no mundo é
terrível, nada é em comparação com o de uma alma religiosa.
Essa
necessidade de odiar é uma sede que consome. Nem uma recordação que lhe possa
dar o mais pequeno alívio.
Um dos maiores tormentos, acrescenta
Josefa, é a vergonha que a envolve. Parece que todas as almas danadas que a
cercam lhe gritam sem cessar: "Que nós nos tenhamos perdido, nós que não
tínhamos os mesmos socorros que tu, que há de extraordinário? Mas tu, que te
faltava? Tu comias à mesa dos eleitos.
Tudo o que estou escrevendo, conclui ela,
não é senão uma sombra ao lado do que a alma sofre, pois não há palavras que
possam exprimir tormento semelhante.
Para entenderemos os tormentos do Inferno, basta esta afirmação de Santo
Afonso de Ligório: “O fogo da terra – e ele entende não o fogo de uma vela, que
é em si mesmo o elemento fogo como tal, mesmo no que ele tem de mais ígneo, de
mais combustível – é como um fogo de pintura em comparação com o fogo do
Inferno".
Reflexão: Quando vemos as horríveis blasfêmias, os pecados
que são cometidos impunimente nos dias de hoje – sacrilégios, aborto,
eutanásia, etc. – quem de nós ousaria aproximar-se de Nossa Senhora, dizendo:
"Minha Mãe, eu aprovei, ou fiquei indiferente a que pessoas próximas fizesse
isto". A reação de Nossa Senhora, a repulsa dEla seria tal, que nós não
ousaria olhá-la. Ora, por mais que Ela seja santa, Deus é infinito, e se a
repulsa dEla é incomensurável, a de Deus é infinita.
O mundo hoje é tão indiferente diante das ações a que nos referimos no
parágrafo anterior, para não dizer complacente... Mas, segundo a Doutrina
Católica, Deus odeia essas ações, Ele não é indiferente a elas. O olhar do
homem indiferente pousa no pecado e não censura, mas o olhar de Deus pousa
naquilo e execra e destina às chamas eternas do Inferno aquele que pecou, caso ele não se arrependa.
Na economia comum da graça, salvo os casos excepcionais, à medida que os
homens vão pecando, insistindo no caminho do pecado, a possibilidade da
misericórdia vai minguando. E quando há uma torrente de pecados cometidos numa
cidade, num país, no mundo, o normal é que haja uma torrente de almas que caem
no Inferno. Não queremos dizer com isso que cada pecador vai para o Inferno,
mas queremos dizer que o número de pecadores que vão para o Inferno aumenta
enormemente por causa do número de pecados.
Lembremo-nos que Nossa Senhora em Fátima insistia sempre com as três
crianças – Jacinta, Francisco e Lúcia – para que rezassem pelos pecadores. E a pequena
Jacinta fazia muitos sacrifícios, extraordinários para sua idade, pelos
pecadores. Mas é preciso que eles se
convertam... Senão as orações destas almas santas serão inúteis!
É bom lembra que, assim como Deus atormenta no Inferno os precitos, Ele
acaricia no Céu e inebria de carícias os seus eleitos; Ele fala aos seus
eleitos e lhes diz coisas, e mostra de Si coisas que os deixariam ébrios de
alegria, se no Céu pudesse haver ebriedade. É o afago contínuo, é a palavra de
bem-aventurança, de afeto, a carícia incessante, sempre igual e sempre diversa,
e que nunca termina. Ele disse de Si mesmo: "Eu serei eu mesmo a vossa
recompensa demasiadamente grande".
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