14 DE AGOSTO DIA DE SÃO MAXIMILIANO KOLBE
ULTIMA FOTO DO SANTO, ANTES DE ENTRAR NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO.
A Polônia dos anos finais do século XIX e iniciais do XX, como toda a Europa e a América, achava-se em plena prosperidade material. A sociedade de então se deliciava na euforia e no esplendor da Belle Époque, na fartura e no conforto, mais preocupada com o gozo da vida do que com o que se relacionava com a Religião. O laicismo dominava as mentes e os costumes.
Nesse contexto histórico, nasceu Raimundo Kolbe, em 8 de janeiro de 1894, na cidade polonesa de Zdunska Wola , recebendo no mesmo dia as águas batismais. Seus pais, Júlio Kolbe e Maria Dabrowska, eram lídimos cristãos e devotíssimos da Virgem Maria. De seus cinco filhos, dois faleceram quando ainda crianças, e os outros três abraçaram a vida religiosa.
.“Raimundo se distingüia dos irmãos até no receber o castigo por suas travessuras.
Ele mesmo ia buscar o cinto para a punição, estendia-se sobre o banco e, após ter recebido sua dose de castigo, nos agradecia a nós pais e, imperturbável, ia guardar o cinto no lugar’. (nos conta Maria Dabrowska)”.Ele era um menino normal, como todos os outros, e um dia fez sua maior travessura: Com o desejo de ter um bichinho de estimação, certa manhã escondido da mãe, foi comprar um ovo, sim ovo de galinha! – e o pos a chocar no galinheiro de uma vizinha.
Assim poderia ter, também ele, o seu passarinho, mesmo que se tratasse de um pobre pintinho.
Quando Maria Dabrowska veio a sabê-lo da vizinha, foi aquele Deus nos acuda. Era-lhe inconcebível que o filho pudesse gastar mesmo que fosse um só trocado numa bobagem daquele tipo. “Mas não sabe que toda moedinha custa muito suor para ganhá-la?” E aplicou-lhe uma surra, que desta vez foi mais enérgica que nunca.
Mas o que mais o machucou interiormente foi àquela frase cortante, vibrada pela mãe num tom de profunda amargura; “O que vai ser de você, meu filho?”Nos dias seguintes, Maria notou que uma enorme mudança se operava no menino.
Com maior freqüência o via entrar atrás da cortina que escondia o pequeno altar da família. Espiava para dentro e sempre o via ajoelhado, às vezes chorando, diante da imagem de Nossa senhora de Czestochowa.
Apercebeu-se por fim, que aquele filho estava se tornando bom demais para a sua idade. Principalmente quando voltava da igreja ou saia detrás da cortina florida, tinha semblante mudado, mais quieto, a ponto da mãe pensar que o menino estivesse doente.
“O que tem meu Raimundinho? Não se sente bem?” Ele baixava a cabeça sem dizer uma palavra."O que está acontecendo com você, filho?" Silêncio.Mas a mãe, que o conhecia muito bem, encontrou um jeito de pô-lo contra a parede.
"Escuta, Raimundinho - sussurrou-lhe - você sabe muito bem que para mãezinha a gente deve sempre dizer tudo. De certo não vai querer me desobedecer agora...."Sendo muito obediente, assim contou a sua mãezinha, tremendo de emoção e com os olhos vermelhos, que se iam enchendo de lágrimas, lhe fez esta impressionante revelação:Desde aquele dia em que a senhora me repreendeu, perguntado-me o que seria de mim, eu rezei muito a Nossa senhora, para que me dissesse o que aconteceria comigo.
Certa vez na igreja Nossa Senhora me apareceu. Trazia nas mãos duas coroas, uma branca e outra vermelha. Olhava-me com afeto. Perguntou-me se eu queria aquelas duas coroas. A branca significa que perseveraria na pureza, a vermelha que me tornaria mártir. Respondi-lhe que aceitaria as duas.
Então Nossa Senhora me olhou docemente e desapareceu...Desde aquele dia, não foi mais o mesmo menino, e freqüentemente, com o semblante radioso, me falava ainda do martírio, como do seu desejo mais veemente. Aos dez anos, seu coração já estava comprometido para sempre, a sua Rainha, a sua Senhora, a quem ele se dirigia como Ma mucha, a sua mãezinha Imaculada.
Vocação Sacerdotal
No ano de 1907 chegaram em Pabianice alguns Franciscanos Conventuais, do território Austríaco para desenvolverem uma missão paroquial, o jovem Raimundo com 13 anos, depois de ouvir a pregação dos Frades Franciscanos, tomou a decisão de ingressar na vida religiosa e sacerdotal, juntamente com seu irmão mais velho, de nome Francisco.
Respondendo, assim, ao chamado de Deus, os dois irmãos deixaram a casa paterna e foram recebidos no Seminário Menor dos Frades Franciscanos Conventuais em Leópoli.
Raimundo continuou aí os seus estudos, mostrava grande capacidade na matemática e na física e quase sempre ajudava os colegas com dificuldades, conquistando a amizade e a simpatia de todos.
Manifestou muito cedo uma grande propensão para as invenções e também uma forte inclinação para a vida militar. Parecia que para ele a carreira militar poderia demonstrar mais fidelidade a sua “Dama Celeste”, cada vez mais a vida religiosa se tornava incômoda para ele.
Aos 16 anos, passou por uma forte crise espiritual: chegara o momento de decidir se entraria ou não para o noviciado.
Ele estava indeciso, pois pensava como conciliar o desejo de ser soldado e lutar pela libertação do seu país com o ideal de se consagrar totalmente à Rainha do seu coração, pela vida religiosa e sacerdotal.
Os conquistadores não foram todos soldados? Como religioso, seria possível realizar grandes feitos? Decidiu procurar o seu superior e dizer-lhe que iria sair da Ordem e alistar-se no exército.
A Divina Providência interveio: justamente no momento em que se dirigia ao superior, foi chamado ao parlatório.
Era a sua mãe. Ela veio-lhe comunicar que, depois dele e de seu irmão Francisco, também seu irmão mais novo, José, decidira entrar no seminário. O pai tinha morrido, lutando pela independência da Polônia, e ela mesma tinha-se decidido consagrar a Deus.
Terminada a sua missão de mãe, decidiu abraçar a vocação religiosa. Assim, toda a família se consagrava a Deus.
O jovem Raimundo viu naquela visita providencial a resposta de Deus às suas dúvidas. Iniciou o noviciado, no dia 04 de setembro de 1910, vestiu o hábito franciscano e começou a se preparar para ser o grande soldado da Virgem Imaculada... diante do altar de Nossa Senhora, trocado o nome: deixava de ser "Raimundo" e para nascer "Maximiliano Kolbe".“No seguimento de Jesus deve-se distinguir por um constante, continuo renegamento de si mesmo”.
Fundação da Milícia da Imaculada
Roma, quarta-feira noite de 16 de outubro de 1917,3 dias após o milagre do sol ocorrido em Fátima/Portugal, “Um grupinho de alunos do Colégio Internacional dos Franciscanos se propõe responder aos ataques contra a Igreja e ajudar as almas na procura da estrada que conduz a Deus”.
Esse grupo é formado por sete jovens frades, frei Pal, frei Antonio Glowiski, frei Biasi, frei Quirino Pignalberi, frei Antonio Mansi, frei Enrico Granata, frei Maximiliano Kolbe, que diante das fortes provocações da Maçonaria Italiana que “hasteava a própria bandeira diante da janela do Vaticano, agitando um estandarte no qual estava representado o Arcanjo Miguel debaixo dos pés de Lúcifer”, decidiram-se empenhar-se na obra de conversão dos pecadores, de todos aqueles que precisam e na obra de santificação de todos”; entregando-se totalmente nas mãos da Imaculada.
A reunião foi realizada à noite, em segredo, em uma cela diante de uma estatueta da Imaculada, colocada entre duas velas acesas. Aquela reunião foi a primeira e a última naquele período de tempo. E em um pequeno papel, com a bela escritura elegantemente Kolbe escreve, em latim despretensioso, estas exatas palavras:
“Milícia da Imaculada”. ‘Ela te esmagara a cabeça’. Gen 3.15‘ Sozinha venceste todas as heresias do mundo inteiro’.I – Finalidade: Procurar a conversão dos pecadores, dos hereges, dos judeus, etc. e especialmente dos maçons; e a santificação de todos pela proteção da B.V. Imaculada.II – Condições: Oferecimento total de si mesmo à Imaculada, como instrumento em suas mãos imaculadas. Levar a Medalha Milagrosa a todos.III – Meios:
1) Possivelmente rezar uma vez ao dia a jaculatória: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nos que recorremos a vos, e por todos aqueles que a vos não recorrem, principalmente pelos maçons”.
2)Todos os meios legítimos segundo a possibilidade dos diversos estados, condições, isto é recomendando zelo prudência à cada um, e principalmente a Medalha Milagrosa’. Na Virgem Imaculada encontra-se, a ajuda mais fácil e mais segura.
Mas, por quê? “A experiência cotidiana nos ensina que os inimigos da Igreja têm meios naturais mais abundantes e freqüentes, e, segundo as palavras de Cristo, são mais astutos que os filhos da luz”.
A Ela a Igreja aplica as palavras da Escritura: “Ela te esmagará a cabeça” (Gn 3, 15) e d'Ela se canta: “tu sozinha destruístes todas as heresias no mundo inteiro”. São Maximiliano coloca esta imagem da Imaculada como emblema da Milícia e a propagou na sua incansável e corajosa obra de Evangelização, mostrando ao mundo uma humanidade plenamente realizada, um ser humano no qual cada um deveria espelhar-se e transformar-se.
A conversão se realiza com o dom total de si à Imaculada e o uso da ‘medalha milagrosa’. Com o passar do tempo o Movimento da Milícia da Imaculada começou a e spalhar-se rapidamente entre os católicos. O lema do Movimento, que nasceu missionário, é: "Conquistar o mundo inteiro para Cristo, pela Imaculada".
Uma sede de almas ficou gravada nas atas de sua ordenação sacerdotal, que se deu em 28 de abril de 1918. Na manhã seguinte, quis celebrar sua primeira Missa no altar da Madonna del Miracolo, na igreja de Sant'Andrea delle Fratte, porque aí se dera o célebre episódio com Afonso Maria Ratisbonne: ante a aparição da Santíssima Virgem, ajoelhara-se judeu e levantara católico, numa conversão miraculosa e instantânea, em 1842. E na agenda das Missas de seus primeiros dias de sacerdote, o padre Kolbe escreveu que queria celebrar o Santo Sacrifício para "impetrar a conversão dos pecadores e a graça de ser apóstolo e mártir".
Diante dela ocorreu, no dia 20 de janeiro de 1842, a miraculosa conversão ao catolicismo do judeu Afonso Ratisbonne. E local da primeira missa celebrada ,pelo santo Maximiliano Kolbe
Progresso a serviço da Fé
Voltando à Polônia em 1919, esteve internado em um sanatório devido a sérios problemas de saúde. Tão logo se restabeleceu, fundou o jornal mensal da sua associação - Cavaleiro da Imaculada - pondo o progresso técnico do seu tempo em matéria gráfica, a serviço da Fé.
Na véspera do lançamento, reuniu os operários, colaboradores e redatores - ao todo 327 pessoas -, e passaram o dia em jejum e oração. Nessa noite, foi organizada uma grande vigília de Adoração ao Santíssimo Sacramento e de oração à Santíssima Virgem, para que abençoassem esse empreendimento.
Na noite seguinte, as rotativas imprimiram o primeiro número do jornal, "filho" dessas orações. Um grande impulso à sua obra ocorreu em 1927, quando o príncipe João Drucko-Lubecki cedeu ao padre Maximiliano um terreno situado a 40 quilômetros de Varsóvia. Aí, homem de grandes horizontes, começou ele a construir uma Niepokalanów - Cidade de Maria. Planejava a edificação de um enorme convento e novas instalações de sua obra de imprensa. Com que dinheiro? "Maria proverá - dizia o santo varão - este é um negócio dEla e de seu Filho!".
E não foi defraudado em sua confiança. Em 1939, o jornal tinha já a surpreendente tiragem de um milhão de exemplares, e a ele se haviam juntado outros dezessete periódicos de menor porte, além de uma emissora de rádio. A Cidade de Maria contava então com 762 habitantes, sendo 13 sacerdotes, 18 noviços, 527 irmãos leigos, 122 seminaristas menores e 82 candidatos ao sacerdócio. Nela habitavam também médicos, dentistas, agricultores, mecânicos, alfaiates, construtores, impressores, jardineiros e cozinheiros, além de um corpo de bombeiros.
O que alimentava o dinamismo de sua obra apostólica era a sólida piedade incutida por ele nos seus discípulos. Sua mola propulsora era o amor entusiasta e militante a Maria Imaculada, da qual ele se sentia, mais do que um escravo, uma simples propriedade. E na Eucaristia estava a fonte da fecundidade de seus empreendimentos. Instituiu a Adoração Perpétua em Niepokalanów, e ele mesmo iniciava todos os seus trabalhos com um ato de Adoração ao Santíssimo Sacramento.
Incursão pelo Oriente
Em seu anelo de expandir por todo o orbe sua obra evangelizadora, decidiu fazer uma incursão pelo Oriente, pois queria editar sua revista nos mais diversos idiomas para atingir milhões de almas em todo o globo. Aspirava ter uma Cidade de Maria em cada país.
De início, conseguiu fundar uma em Nagasaki, no Japão. Em 1930, a Niepokalanów japonesa dispunha já de uma tipografia onde foram impressos os primeiros dez mil exemplares de Cavaleiro da Imaculada no idioma dos samurais. Até os dias de hoje, mantém-se ali sua obra apostólica, com trabalhadores nativos e numerosos sacerdotes.
"Quanto mais pertençamos à Imaculada, tanto melhor
compreenderemos e amaremos o Coração de Jesus"DIZIA O SANTO.
Mais tarde, antes dos trágicos acontecimentos da Guerra, contou a seus religiosos uma graça mística que recebera em terras nipônicas. Graça quiçá decisiva para sua fortaleza nas atribulações pelas quais teve de passar.
No refeitório da Cidade de Maria, depois de um jantar, disse-lhes: "Eu vou morrer e vocês vão ficar. Antes de me despedir deste mundo, quero deixar- lhes uma lembrança [...], contando- lhes algo, pois minha alma está transbordando de alegria: o Céu me foi prometido com toda segurança, quando estava no Japão. [...] Lembrem-se disso e aprendam a estar prontos para os maiores sofrimentos".
A Segunda Guerra Mundial
Quando estourou a Segunda Guerra Mundial, em 1939, a Cidade de Maria ficou muito exposta a riscos, pois se situava nas imediações da estrada de Potsdam a Varsóvia, rota provável de uma eventual invasão das tropas nazistas. Motivo pelo qual a prefeitura de Varsóvia ordenou sua pronta evacuação. Padre Maximiliano conseguiu lugar seguro para todos os irmãos, mas permaneceu ali, com cinquenta de seus colaboradores mais imediatos.
Em setembro, as tropas invasoras levaram-nos presos para Amtitz. Mas na festa da Imaculada, dia 8 de dezembro, foram todos libertados e voltaram para sua Niepokalanów, transformando- a em refúgio e hospital para feridos de guerra, prófugos e judeus.
Retomaram também o labor apostólico, pois os invasores permitiram ao padre Kolbe continuar com suas publicações, à espera de um pretexto para acabar com seu apostolado. Com grande coragem, escreveu ele no último número de Cavaleiro da Imaculada, as seguintes palavras, de admirável honestidade intelectual e integridade de convicções: "Ninguém no mundo pode mudar a verdade. O que podemos fazer é procurá-la e servi-la quando a tenhamos encontrado. O conflito real de hoje é um conflito interno. Mais além dos exércitos de ocupação e das hecatombes dos campos de extermínio, há dois inimigos irreconciliáveis no mais profundo de cada alma: o bem e o mal, o pecado e o amor. De que nos adiantam vitórias nos campos de batalha, se somos derrotados no mais profundo de nossas almas?".
A propósito disso, em fevereiro de 1941, a Gestapo irrompeu na Cidade de Maria e levou presos o padre Kolbe e outros quatro frades, os mais anciãos. Na prisão de Pawiak, em Varsóvia, foi submetido a injúrias e vexações, e depois trasladado para o campo de extermínio de Auschwitz.
No campo de Auschwitz
Começaram para o santo mártir as estações de sua via-crucis. Passou a primeira noite numa sala com outros 320 prisioneiros. Na manhã seguinte, foram todos desnudados, lavados com jatos de água gelada e recebendo cada qual uma jaqueta com um número. Coube-lhe o 16.670.
Quando o oficial viu seu hábito religioso, ficou irritado. Arrancando com violência o Crucifixo de seu pescoço, gritou-lhe:
- E tu acreditas nisto?
Ante a categórica resposta afirmativa, deu-lhe uma "valente" bofetada! Por três vezes repetiu a pergunta e por três vezes o santo religioso confessou sua Fé, recebendo o mesmo bestial ultraje. A exemplo dos Apóstolos, São Maximiliano dava graças a Deus por ser digno de sofrer por Cristo: "Eles saíram da sala do Grande Conselho, cheios de alegria, por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus" (At 5, 41).
Maria não o abandonou um instante sequer.
Ao entrar no campo de concentração, os guardas faziam uma revista
minuciosa em todos os prisioneiros e lhes tiravam todos os objetos
pessoais. Entretanto, o soldado que revistou o padre Kolbe devolveu-lhe o
Rosário, dizendo:
- Tome seu Rosário. E vá lá para dentro!
Era um sorriso de Nossa Senhora, como a dizer-lhe que estaria com ele a cada momento.
Martírio no "‘bunker' da morte"
São bem conhecidos os demais episódios que se deram no campo de Auschwitz: o comportamento do santo sacerdote franciscano, sua incansável atividade apostólica, em cada bloco para onde era mandado, etc.
No final de julho de 1941, foi transferido para o Bloco 14, cujos prisioneiros faziam trabalhos agrícolas. Tendo um deles conseguido fugir, dez outros, escolhidos por sorteio, foram condenados ao "bunker da morte": um subterrâneo onde eles eram jogados desnudos, e permaneciam sem bebida nem alimento, à espera da morte.
Ante o desespero daqueles infelizes, São Maximiliano ofereceu-se para ficar em lugar de um deles, pai de família, e foi aceito por ser sacerdote. O ódio dos esbirros ao religioso era notório, mas ficaram estupefatos ao verificar até onde pode chegar a coragem, a fortaleza e o heroísmo de um padre católico, em cuja fisionomia se revelava um varão na força do termo. Sem dúvida, movia-o uma autêntica caridade para com seu conterrâneo, entretanto, outra razão também elevada o levou a tomar essa decisão: o desejo de ajudar aqueles condenados a terem uma boa morte, salvando suas almas.
Fechado o bunker, estava para sempre encerrado para eles o contato com o mundo exterior. Naquelas terríveis horas sem outra expectativa que a da morte, tratava-se de cada qual pôr em ordem sua consciência. Pode-se imaginar qual seria o medo da morte, do Juízo, do sofrimento, a tentação de desespero... Em tal situação, que privilégio poder ter por companheiro um sacerdote santo! Graças a ele, o bunker da morte se converteu em capela de oração e de cânticos... com vozes cada dia mais débeis.
Três semanas depois, restavam vivos apenas quatro. Julgando que aquela situação se prolongava demasiado, decidiram as autoridades aplicar-lhes uma injeção letal de ácido muriático.
Padre Kolbe foi o último a morrer naquele pavoroso subterrâneo. Estendeu espontaneamente o braço para a injeção. Alguns momentos depois, um funcionário do campo o encontrou morto "com os olhos abertos e a cabeça inclinada. Seu rosto, sereno e belo, estava radiante".
Cumprira sua última missão: salvara a si próprio e aos demais. Era o dia 14 de agosto de 1941, véspera da Assunção de Maria.
Canonização
- Tome seu Rosário. E vá lá para dentro!
Era um sorriso de Nossa Senhora, como a dizer-lhe que estaria com ele a cada momento.
Martírio no "‘bunker' da morte"
São bem conhecidos os demais episódios que se deram no campo de Auschwitz: o comportamento do santo sacerdote franciscano, sua incansável atividade apostólica, em cada bloco para onde era mandado, etc.
No final de julho de 1941, foi transferido para o Bloco 14, cujos prisioneiros faziam trabalhos agrícolas. Tendo um deles conseguido fugir, dez outros, escolhidos por sorteio, foram condenados ao "bunker da morte": um subterrâneo onde eles eram jogados desnudos, e permaneciam sem bebida nem alimento, à espera da morte.
Ante o desespero daqueles infelizes, São Maximiliano ofereceu-se para ficar em lugar de um deles, pai de família, e foi aceito por ser sacerdote. O ódio dos esbirros ao religioso era notório, mas ficaram estupefatos ao verificar até onde pode chegar a coragem, a fortaleza e o heroísmo de um padre católico, em cuja fisionomia se revelava um varão na força do termo. Sem dúvida, movia-o uma autêntica caridade para com seu conterrâneo, entretanto, outra razão também elevada o levou a tomar essa decisão: o desejo de ajudar aqueles condenados a terem uma boa morte, salvando suas almas.
Fechado o bunker, estava para sempre encerrado para eles o contato com o mundo exterior. Naquelas terríveis horas sem outra expectativa que a da morte, tratava-se de cada qual pôr em ordem sua consciência. Pode-se imaginar qual seria o medo da morte, do Juízo, do sofrimento, a tentação de desespero... Em tal situação, que privilégio poder ter por companheiro um sacerdote santo! Graças a ele, o bunker da morte se converteu em capela de oração e de cânticos... com vozes cada dia mais débeis.
Três semanas depois, restavam vivos apenas quatro. Julgando que aquela situação se prolongava demasiado, decidiram as autoridades aplicar-lhes uma injeção letal de ácido muriático.
Padre Kolbe foi o último a morrer naquele pavoroso subterrâneo. Estendeu espontaneamente o braço para a injeção. Alguns momentos depois, um funcionário do campo o encontrou morto "com os olhos abertos e a cabeça inclinada. Seu rosto, sereno e belo, estava radiante".
Cumprira sua última missão: salvara a si próprio e aos demais. Era o dia 14 de agosto de 1941, véspera da Assunção de Maria.
Canonização
Em 17 de outubro de 1971, trinta anos após a sua morte, depois de
aberto o processo de Beatificação e Canonização, proclamada a
heroicidade de suas virtudes, e reconhecidas como milagres as curas a
ele atribuídas, Frei Maximiliano foi beatificado pelo Papa Paulo VI,
como Confessor da fé.
E em 10 de outubro de 1982, no ano do oitavo centenário do nascimento de São Francisco de Assis, foi canonizado solenemente pelo Papa João Paulo II, como Mártir da caridade.
Na homilia de canonização, João Paulo II expressou-se nos seguintes termos: "...Pela morte que padeceu Frei Maximiliano, renovou-se, neste nosso século, tão ameaçado pelo pecado e pela morte, aquele sinal transparente do amor. Para este extremo sacrifício, Maximiliano ia-se preparando, seguindo Cristo desde os primeiros anos de sua infância. Um grande amor por Cristo e um desejo de martírio acompanhavam-no no caminho da vocação franciscana e sacerdotal. Maximiliano não morreu, ele deu a vida pelo irmão. É por isso que sua morte tornou-se sinal de vitória. Vitória sobre todo o sistema de desprezo e ódio do homem, e daquilo que no homem há de divino, vitória semelhante àquela que levou Nosso Senhor Jesus Cristo ao Calvário.
"Naquela ocasião, estavam presentes, na praça de São Pedro, mais de 200 mil pessoas e, entre elas, estava também Francisco Gajowniczek, o pai de família por quem Frei Maximiliano deu a vida no campo de Auschwitz.Infelizmente, APESAR DELE TER SIDO SALVO PELO SANTO MAXIMILIANO KOLBE, ELE NÃO SE TORNOU CATÓLICO E PORTANTO, DEVOTO DA SANTA MÃE DE DEUS
E em 10 de outubro de 1982, no ano do oitavo centenário do nascimento de São Francisco de Assis, foi canonizado solenemente pelo Papa João Paulo II, como Mártir da caridade.
Na homilia de canonização, João Paulo II expressou-se nos seguintes termos: "...Pela morte que padeceu Frei Maximiliano, renovou-se, neste nosso século, tão ameaçado pelo pecado e pela morte, aquele sinal transparente do amor. Para este extremo sacrifício, Maximiliano ia-se preparando, seguindo Cristo desde os primeiros anos de sua infância. Um grande amor por Cristo e um desejo de martírio acompanhavam-no no caminho da vocação franciscana e sacerdotal. Maximiliano não morreu, ele deu a vida pelo irmão. É por isso que sua morte tornou-se sinal de vitória. Vitória sobre todo o sistema de desprezo e ódio do homem, e daquilo que no homem há de divino, vitória semelhante àquela que levou Nosso Senhor Jesus Cristo ao Calvário.
"Naquela ocasião, estavam presentes, na praça de São Pedro, mais de 200 mil pessoas e, entre elas, estava também Francisco Gajowniczek, o pai de família por quem Frei Maximiliano deu a vida no campo de Auschwitz.Infelizmente, APESAR DELE TER SIDO SALVO PELO SANTO MAXIMILIANO KOLBE, ELE NÃO SE TORNOU CATÓLICO E PORTANTO, DEVOTO DA SANTA MÃE DE DEUS
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