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segunda-feira, 3 de julho de 2017

IMITAÇÃO DE MARIA





CAPÍTULO IV
DO CUIDADO DE NOSSA PARTE NECESSÁRIO PARA SUBIRMOS PELA GRAÇA AOS CUMES DA PERFEIÇÃO CRISTÃ
O SERVO - Recebestes, ó Santa Virgem, a plenitude da graça desde o primeiro momento de vossa Conceição. Mas não vos destes por satisfeita, fruindo em paz tamanho benefício. Ao contrário, toda a vossa vida foi dedicada, cuidadosamente, a disso tirardes o melhor proveito. E a graça, que sempre progride onde esforços encontra, mais vos enriquecia a alma de graças, dia a dia.
Terra bem cultivada éreis vós, na qual a mínima semente ao cêntuplo frutificava. Posto que nascida em perfeita santidade, esta não vos era todavia natural. Mas em natural a tornastes com os vossos trabalhos e atenções:
Maria "deu ramos corno a palmeira, por todos os lados os estendeu; e são ramos de honra e de graças' (Eclo 24,18-22).

MARIA - Meu filho, se em ti queres aumentar a graça que te fez amigo de Deus, filho de Deus, templo do Espírito Santo, irmão e co-herdeiro de Jesus, foge ao mundo, ama a oração, frequenta os sacramentos, entrega-te à prática das virtudes que são próprias do teu estado. Um meio para fazeres crescer em ti a graça santificante e habitual é a tua fidelidade aos movimentos da graça atual. Escuta a voz que interiormente te fala. Deixa-te conduzir pelas suas impressões. Tanto mais ela instrui quanto mais a alma a escuta.
A cada progresso que se faça, novos e maiores ela ensina. Após caminharem algum tempo o caminho da virtude, muitos descansam, contentes pela caminhada que fizeram. Nunca, porém, a graça afirma: Basta!
Outros imaginam que não ser mau já é muito fazer. Também não basta. Quem já é bom, trabalhe ainda para ser melhor.
Quantos cristãos veremos perturbados no dia do juízo, por se verem carregados de dívidas para com a justiça divina, porque não se valeram dos meios postos ao seu alcance e mercê dos quais grandes santos teriam sido!
No caminho estreito da virtude, não avançar é recuar; não aproveitar é perder.
Quando alguém marca limites no serviço de Deus, também Deus limita os benefícios que concede.
Mas, quanto menos tomares nota no coração do que para Ele fizeres, mais liberal e magnânimo será para contigo, a começar desta vida.
Mais insignificantes que sejam os bens que possuas deste mundo, sempre será bastante o que tiveres. Dos da graça, porém, nunca será em demasia o que possuíres. O Servo que tenha em descaso os bens que o Mestre lhe confiou será castigado.
Desperta, portanto, meu filho, da tua letargia' que se te pode tornar mortal. Trabalha por recuperar o tempo perdido.
Nem digas mais que te contentas com o último lugar "na casa do Pai celestial" (Jo 14,2). Se assim falas, assim te arriscas a não alcançar nenhum.
O Servo — Ó Zelosa e poderosa protetora, ó Maria, auxiliai-me em suportar uma vida que Deus me deu só para que o sirva e ame. Ajudai--me a merecer uma gloria que não posso alcançar, como o auxilio da graça, se me não valho também das minhas boas obras, as quais serão medidas pela extensão do fervor com que as houver praticado.
1 Letargia: Condição intensa e demorada de inconsciência que, se assemelhando ao sono profundo, faz com que a pessoa seja despertada, mas ela volta a sua mesma condição de inconsciência logo após. (N. do R.)
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CAPÍTULO VI - LIVRO IMITAÇÃO DE MARIA
QUE NOS ENTREGUEMOS INTEIRAMENTE A DEUS E PARA SEMPRE
O Servo - Ó fervorosa Virgem, não só vos destes a Deus desde cedo, senão que a ele vos entregastes sem reservas ou restrições. Sacrificastes completamente por Ele a vossa liberdade, para que outra não fosse a vossa vontade senão a dele. Nenhuma satisfação quiseste neste mundo senão a de agradar a Deus; nenhum prazer senão o de vos privardes de tudo por seu amor.
Jamais desmentistes a vós mesma: pelos caminhos traçados por Deus constantemente andastes, acumulando cada dia progressos sobre progressos. O vosso exemplo é uma condenação às minhas inconstâncias no serviço a Deus, às minhas atitudes para com Deus. Coro de vergonha do meu procedimento, Senhora, pois sendo Deus sempre o mesmo para mim, fora justo de minha parte retribuir-lhe com o mesmo devotamente e a mesma fidelidade.
Maria - Mas, filho meu, por que te detiveste depois de tão bem haveres começado? Porventura, hoje como outrora não será Deus o mesmo Deus, o grande e amável Mestre, com quem sempre mantiveste as mesmas relações?
Em qualquer tempo de tua vida, não é verdade que dependes igualmente dele?
A obrigação de seres dele integralmente não é igual em qualquer tempo?
Se em idade avanças, aumentam os favores de Deus, e pois deve aumentar também o teu reconhecimento e conseguintemente a tua fidelidade.
Lembra-te que Deus formou o teu coração, e só para ele é que o fez, para só Ele ser o único Mestre do teu coração. Ele não te disse: empresta-me o teu coração, senão: "dá-me teu coração".
Foste fiel à sua voz, consagrando-Lhe teu coração. Que direito te assiste agora de o pedires de volta?
Honrarás demasiadamente ao mundo, se lhe deres um lugarzinho nas tuas afeições. Dar a Deus este rival é fazer-Lhe um grande insulto.
Disseste que te considerarias o maior dos desgraçados, se incluído não estiveras entre os amigos de Deus. Mas aos olhos deste Deus ciumento, como não se apresentaria um amigo fraco e negligente!
O teu Deus não pensa que te dá em demasia. Ele próprio que todo se entrega a ti. Por que não seres, portanto, todo dele? Dá-lhe tudo, e junto dele tudo encontrarás.
O mundo, tudo o que é mundo nada vale diante daquele para quem Deus se fez tudo, e para quem todo o bem a Deus atribui, dizendo como fazia um grande santo, ao exclamar dos recessos do coração: "Meu Deus e meu Tudo!"
O Servo - Fraco como sou, é de uma graça poderosa que careço, ó Virgem Santa, a fim de que vos possa acompanhar os passos, aproveitando os conselhos que me destes. Rogai por mim, ao mesmo tempo em que me estimulais com o exemplo do vosso fervor, para que me venham por Vós os necessários socorros.
Ai de mim! Como poderei oferecer a Jesus meu coração, já agora tão cheio de inconstâncias e infidelidades?
Salva-me, porém, o pensar que a sua cólera não subsiste contra "um coração contrito e humilhado", nem contra a vossa mediação. "Mãe de misericórdia, dignai-vos reconciliar-me com O vosso Filho. E digne-se este Deus Salvador encher-me de graças o coração, pela vossa intercessão, de tal maneira que nada mais conheça este coração que o desvie ou o perturbe no serviço de tão bom Mestre, e que sejam só para Deus os seus anelos.
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CAPÍTULO VII – LIVRO IMITAÇÃO DE MARIA
DE COMO CONSIDERAR AS VANTAGENS E O BEM-ESTAR DA SOLIDÃO
O Servo - Dias bem tranquilos e serenos, ó Virgem Santa, teriam sido certamente aqueles que passastes no Templo. Pacífica e comodamente gozastes o prazer das comunicações divinas. E dentro de vós mesma preparavas um Templo mais glorioso e mais digno de Deus.
O vosso espírito vivia cheio de um pensamento só: a presença de Deus, cujas grandezas e perfeições não cessáveis de contemplar. O "bem-amado" era "tudo para vós" e vós éreis "tudo para ele".
O que o mundo pode apresentar de mais rico e mais belo era uma bagatela aos vossos olhos.
Maria - Na verdade, filho meu, é na solidão afastada do mundo que uma alma pode passar felizes dias. Só de Deus se preocupa como se nada mais houvesse na terra senão Ele e a sua alma. O espírito mergulha-se no recolhimento para só escutar a voz de seu Deus. Nada há que interrompa a voz do coração, falando incessantemente a Deus.
Todo o prazer dessa alma, toda a sua glória e riqueza, ela vai buscar nestas curtas palavras, a repetir com amor: "Sois o Deus do meu coração" (SI 72,26). "Sentada", como a esposa sagrada, "à sombra do bem-amado" (Ct 2,3), pensa com compaixão nas atividades a que se entregam os homens à procura de riquezas e opulências.
Ela não compreende como se ame outra coisa fora do que ela ama. Pouco a interessa tudo o que na terra se passa. O que ela ama é o que foi sempre, e sempre será o que é, o mesmo Deus tão santo e tão amável. E a alma tira deste pensamento um motivo constante de alegrias novas. Quando Deus quer transmitir a uma alma as suas divinas lições, "a conduz à solidão" e "lhe fala ao coração" (Os 2,16).
Pede-lhe, pois, meu filho, este gosto de recolhimento, este espírito de retiro, que tinham os santos. Ama viver longe do mundo, onde não apareças senão por necessidade. Quando a necessidade a isso te obrigar, imita a pomba que se viu constrangida a sair da arca, mas rapidamente para lá voltou, visto que, fora da arca, lugar não achou o seu descanso.
Se, cautelosamente, não fugires ao mundo, logo dele tomarás os gostos; e do momento em que gostares das coisas do mundo, já te não agradarão as coisas que são de Deus.
A esposa dos Cânticos procurou o seu bem-amado nas ruas de Jerusalém, mas não o encontrou. Confessa que jamais saíste das conversas do mundo sem que mais culpado estivesses aos olhos de Deus, mais ainda do que antes. É necessário o amor do recolhimento, para que em público se apareça com segurança.
Na vida retirada é que se aprende a maneira de falar, quando se está no mundo.
É a vida retirada um dos meios mais poderosos de conservar alguém sua inocência. Nada entibia tanto a virtude do homem quanto a frequente companhia dos homens.
Poder-se-á, porventura, respirar uma atmosfera tão contagiosa como a do mundo sem sentir os efeitos do seu contágio? Retira-te muitas vezes para a solidão, onde respirarás um ar mais puro.
Os santos solitários confessavam só se achar em estado de conversar familiarmente com Deus depois que se apartavam dos negócios e do contato do mundo.
Meu filho, Deus se delicia em se achar contigo. Delicia-te também em ficarem com Deus. Mas em lugar nenhum o encontrarás tão bem como na solidão. Nesta, melhor descerrarás de ti o véu que te oculta os pensamentos íntimos e lhe poderás dizer mais livremente os teus sentimentos, com toda a liberdade de uma confiança respeitosa.
Então, ele fará que te nasçam no espirito com maior facilidade pensamentos de alívio para as tuas penas, que acalmem os teus temores, que dissipem as tuas dúvidas e ensinem como te conduzires com prudência em todas as coisas.
É na solidão, enfim, que o teu coração escutará de Deus aquela voz secreta que Lhe é própria; que o coração dele te falará uma linguagem só entendida pelos seus amigos e capaz de imprimir na alma verdades cujo conhecimento é pura obra da caridade divina.
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CAPÍTULO VIII – LIVRO IMITAÇÃO DE MARIA
DE COMO ESCOLHER UM ESTADO
Maria, desde os primórdios de sua vida, só a Deus buscava e amava. Por isso, merecera de Deus todas as bênçãos, e, sobretudo, a preparação de um estado tal como fora necessário, a fim de que na pessoa da santíssima Virgem se cumprissem os adoráveis oráculos de Deus.
Para obter uma feliz vocação, é mister que haja um concurso de coisas e circunstâncias que a Providência habitualmente reserva às almas fiéis, aquelas almas que O consultam sobre a escolha de um estado. Poderá esperar que Deus lhe reserve alguém que tenha aquiescido aos funestos impulsos das suas paixões? A Providência recolhe no seio de Maria, por seu casamento com São José, o precioso fruto das virtudes que ela com fidelidade praticou.
Se só ao mundo houvessem consultado , sobre a união de Maria com um esposo, sem dúvida teriam escolhido um homem rico, ou distinto " pelo seu talento, ou outros dons, menos, porém um homem de virtudes, um homem que vivesse' desde a infância no temor de Deus. Não por esta última forma age o mundo, senão da outra.
Vistas interesseiras, considerações meramente humanas servem de princípio à maior parte dos casamentos. Conclusões se tiram das premissas dos bens materiais antes que do tesouro das graças.
Daí o grande número de insucessos matrimoniais, em que dois esposos mutuamente vão vivendo o seu martírio.
Assim o permite Deus para vingar, ainda nesta vida, o não ter sido consultado sobre um negócio, cujo êxito depende de Sua sábia direção.
Assim, ele o permite como punição de se não ter feito, desde a mocidade, pela prática de virtudes, digno de Sua proteção. A escolha dos pais de Maria, ou melhor, a escolha de Deus recaiu em José, homem justo, o mais virtuoso dos homens que já nesta terra existiu, o esposo mais digno da mais digna das virgens.
Jamais casamento algum poderia ser mais venturoso que esse. Nem jamais houve corações que se alegrassem ao ponto dos de Maria e José, tão santamente unidos. A paz reinante naquelas almas, quem a poderia alterar?
É que Maria e José se achavam colocados no estado em que Deus os quis.
Há muitos que vivem descontentes do seu estado. Sofrem muito, e muitas vezes fazem sofrer os outros.
A razão disso está em terem procurado um estado no qual Deus não os queria. Neles, bem se ajustam as palavras do profeta: "Ai de vós, filhos desertores de minha Providência, que vos aconselhastes, sem me consultar-(Is 30,1). A graça da vocação é uma graça importante que encerra em si mesma uma infinidade de outras. Se com a fidelidade se falta a esta graça, inútil será esperar pelas demais.
Se se afasta da ordem desta Providência especial, que prepara graças de eleição para quem esteja disposto a se conformar com a vontade divina, logo se cai na ordem de uma providência comum, que só fornece graças comuns, com as quais alguém se poderá salvar, porém faz temer que se não salve, ou ao menos que só se salve dificilmente.
Consulta, pois, e roga ao Senhor, sobre a escolha de um estado, antes que deliberes, e dize como o profeta: "Fazei-me conhecer, Senhor, Os caminhos por onde deverei seguir!" (S1142,8)
Vive, alma crista, de modo tal que em ti o Senhor não veja um indigno de seus cuidados. Se claramente não percebes a vontade de Deus, consulta os que são encarregados ou delegados de Deus, aos quais compete iluminar-te a respeito do que tenhas de fazer.
Jesus prostrou por terra a Saulo no caminho de Damasco, mas não lhe explicou os seus desígnios a respeito dele, senão que o enviou a Ananias, para que assim o conhecesse.
Não consultes nem aos teus pais senão na medida em que o dever o exige. Pode acontecer, infelizmente, que os pais deem a seus rebentos, a respeito de vocações, conselhos em conformidade com as máximas do mundo. "Os inimigos do homem estarão na sua casa" (Mt 10,36).
Em suma, é prudente te aconselhares com a morte, isto é, decidires como certamente o farias, se fosse aquela hora em que deliberas a última hora da tua vida.

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CAPÍTULO IX – LIVRO IMITAÇÃO DE MARIA
DE COMO SE DEVE ESTIMAR O SEXTO MANDAMENTO

Quando o Anjo propôs a Maria tornar-se ela a Mãe de Deus, não lhe explicou se esta augusta prerrogativa concordava com o voto de virgindade que ela fizera. Então, Maria suspendeu o seu consentimento. É que mais grato lhe fora ultrapassar em méritos as criaturas pela virgindade. Tranquilizou-a o Anjo: "não tenhas receio, Maria" (Lc 1,30). Essa pureza que tão zelosamente guardas, ela própria é que fará descer ao teu seio este Deus que só quer nascer de uma Virgem.
Em verdade, só depois de ter entendido bem é que Maria consentiu. O que compreendeu ela, senão que, ao se tornar Mãe de Deus, não poderia jamais ter receio de perder a sua pureza?!

Ó preciosa virtude! Em que alto preço por nós deves ser tida! Foste tu, santa pureza, que nos deste ao mundo o Redentor! Tu mereceste da mais pura e perfeita criatura a preferência na escolha entre ti e a própria maternidade divina! Foste tu que mereceste o favor de Jesus para o "discípulo bem-amado"!
Felizes as almas que neste mundo enfeitastes! Elas terão na eternidade a singular recompensa de acompanharem o Cordeiro (Ap 14,4). Grandes privilégios teve o príncipe dos Apóstolos. Mas só ao discípulo que era virgem permitia Jesus que descansasse a cabeça em seu seio na noite em que instituiu o sacramento do amor. Deu Jesus a Pedro o bastão de pastor da sua igreja, mas deu a João a própria mãe de Deus.
Graças à pureza, representamos na terra a vida dos bem-aventurados no céu! Pela prática desta virtude adquirimos um mérito que os próprios Anjos não têm. São as almas mais castas as que mais diretamente participam da união que o Verbo humanado se dignou contrair com os homens.
Quem quer que julgue bem perdoável o vício contrário a esta virtude, sob argumentos da natural fraqueza, não deve ter em descaso o fato de que ter poucos vícios implica que Deus tenha menos perdoado e mais severamente punido.
Esse vício afasta o espírito de Deus, o qual não habita, diz a Escritura, no homem carnal (Gn 6,3). Esse vício faz o homem cair em uma espécie de cegueira. Foi necessário um David-profeta para que o mesmo David-adúltero compreendesse toda a extensão de seu crime e pensasse em fazer a justa penitência.
Esse vício petrifica. Salomão, que foi prodígio de sabedoria durante tantos anos, tornou-se idólatra nos seus últimos dias, porque se tornara obsceno.
"Nossos corpos são o templo do Espírito Santo" (1Cor 6,19). A impureza num cristão é bem "a abominação no lugar santo" (Mt 24,15).
Ó Jesus, esposo das virgens, vós que escolhestes uma virgem para ser a vossa Mãe, inspirai-me terno amor à pureza e o máximo horror ao vício que se lhe opõe.
Mas a virtude da pureza ultrapassa as forças naturais. "Não posso viver na continência sem uma graça particular" (Sb 8,21). Esta graça, Senhor, eu vo-la imploro, por aquela pureza que fez Maria tão agradável aos vossos olhos e à qual deveu a honra de vos ter por Filho!
Eu vo-la imploro pelo amor que vos têm consagrado tantas virgens, às quais neste mundo só conseguiram fascinar os encantos do divino Esposo. Fazei que seja o
maior dos meus prazeres, ó meu Jesus, vencer os prazeres que a vossa lei condena.
Despertai em mim o temor das labaredas eternas, preparadas que foram para os obscenos. Extingui dentro de mim o gosto dos prazeres sensuais e dai-me em troca o das celestiais delícias! Livrai-me dessas tentações importunas que me acompanham até nos exercícios da piedade cristã. Ou, se as permitirdes, Senhor, fazei que, em fielmente as combatendo, eu aproveite as ocasiões assim para vos dar ainda maiores provas do meu amor!

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CAPÍTULO X – LIVRO IMITAÇÃO DE MARIA
DAS PRECAUÇÕES NECESSÁRIAS À CONSERVAÇÃO DA PUREZA

Em virtude da graça de sua Conceição, foi sempre Maria inacessível aos assaltos do vício. Entretanto, ao avistar-se com o Anjo, aparecendo--lhe sob forma humana, Maria perturbou-se. Saudando-a o Anjo logo "cogitou consigo mesma que saudação seria essa" (Lc 1,29).
E com o Anjo a sós se encontra, sem testemunhas, o que foi suficiente para que dela se apossasse um santo temor. "De ti nascerá um Filho" (Lc 1,31), diz-lhe o Anjo, "e lhe darás o nome de Jesus". Novo motivo de perturbação para Maria.
Não tem dúvida sobre a realidade do mistério anunciado pelo Anjo. Sabe que "a Deus nada é impossível". Apenas, quer saber do modo como se realizará o mistério.
Que discreta é a pergunta de Nossa Senhora, Que prudência! Nada mais diz além do necessário! Só por isso, já fácil se torna o reconhecimento de uma alma que da pureza faz o seu tesouro!
O pudor é a delicada flor que murcha a um leve sopro. Basta um olhar para feri-la, uma palavra só para assustá-la.
Uma virgem conhecedora do alto preço de tal virtude teme as ocasiões de a melindrar, mesmo muito antes que essas ocasiões se aproximem.
Palavras lisonjeiras, oferendas e favores, conversas mesmo de aparência inocente, tudo lhe é suspeitoso, tudo a faz redobrar na vigilância e solicitude. Mas, se de tantas precauções precisa a pureza para que na sua integridade se conserve, como é possível afirmar que existam tantas almas castas neste mundo?
Seria de desejar que se tomassem para conservar essa virtude as precauções que em via de regra se tomam para salvar as aparências.
Para quantas pessoas a ociosidade, a vida negligente, as leituras perigosas, as conversas libérrimas foram ocasiões de pecado mais grave?
Muitas virgens cristãs conversam frequentemente, sem temor, com pessoas que não são Anjos. Se alegarem que velam sobre a pureza, pode-se retrucar que também vela o demônio para perdê-las.
Sobretudo, uma virgem que ama os louvores, não será muito tempo indiferente às habituais adulações.
Em matéria de pureza, tudo é motivo para temer, pela razão mesma de que nunca é demasiado o quanto se teme. Em via de regra, buscamos dissimular os perigos que amamos. E a prova de que os amamos está na diligência em os ocultarmos a nós mesmos.
Somos todos formados do mesmo barro. De nós pode muito bem ser o que de outros por desgraça já tem sido, quando procuram experimentar a sua fraqueza. Ainda que conte com o socorro da graça, ninguém tem direito de se expor ao perigo.
Só, em verdade, podem estar seguros aqueles que na tentação se achem sem que a tenham procurado.
Quando, após anos a fio, puderes empilhar as vitórias alcançadas contra o demônio da impureza, não te julgues, ainda assim, invencível.
Continua a desconfiar dos inimigos e de ti próprio. Evita as ocasiões diárias que de toda parte se te apresentam e que se encarrega o demônio de multiplicar.
Então, de Deus virá sobre ti a fortaleza para triunfares nessas ocasiões imprevistas, as quais de tua parte requerem grande virtude.
Ó Virgem, Mãe de Deus, consegui para mim a graça de desconfiar de mim próprio, a prudência e a mortificação dos meus sentidos, condições tão necessárias para que me conserve na castidade.
Não pode dizer que vos ama quem não ame com especial carinho uma virtude que foi um dos princípios de vossa glória.
Ó Mãe Puríssima! Obtende para mim a graça de viver em tão exata pureza, de jeito que sempre encontrareis em vosso servo o mais certo sinal dos mais diletos filhos de Maria!
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IMITAÇÃO DE MARIA

CAPÍTULO XI – LIVRO IMITAÇÃO DE MARIA
DE COMO CONSIDERAR A VERDADEIRA GRANDEZA

Infinita é a diferença entre as distinções do mundo e as que têm a graça como princípio. Riquezas imensas, palácios soberbos, servos sem conta, anunciam a grandeza dos reis. O desprezo do mundo, o horror ao pecado, o amor de Deus eis o que anuncia a grandeza do justo. A verdadeira glória, o verdadeiro mérito, o "tudo para o homem" consiste "no temor de Deus e na observância dos seus mandamentos" (Ecl 12,13).
O Anjo enviado a Maria pelo Senhor lhe disse: "eu te saúdo, Maria, cheia de graça - o Senhor está contigo".
Que elogio mais glorioso poderia fazer da Virgem? Aquele a quem se pudesse dizer: "achaste graça diante de Deus", és agradável aos olhos de Deus, seria certamente digno de todos os louvores dos Anjos e dos homens.
Ao tempo em que o Anjo foi enviado a Maria, reinavam "Augusto" e "Herodes". Mereceram ser chamados grandes, poderosos, magnânimos, mas o que eram eles em face de Deus, o Único Juiz equitativo da verdadeira grandeza?
Uma virgem, escondida em sua solidão, em Nazaré, era infinitamente mais digna do que eles de todos aqueles grandes elogios. A sólida grandeza não se mede pelas vãs ideias dos homens, senão pelas de Deus.
Diante de Deus, só Ele é grande; depois dele só é grande o que a Ele diz respeito. Que valem todos os heróis que o universo admira, ao lado dos grandes homens que a religião forma pelas virtudes? "Bem mais glorioso é dominar paixões que povos" (Pv 16,32). Bem mais custoso é vencer-se a si mesmo que conquistar vitórias sobre os outros.
O maior vencedor é o vencedor de si próprio. Das lutas a mais meritória é a do virtuoso contra o pecado, do homem racional contra o animal.
Um verdadeiro cristão não deve ser visto como um desses heróis que devem o seu heroísmo a uma ocasião fortuita, heróis de um dia apenas. Tem de ser um herói de toda a vida.

Sua glória está em remover todos os obstáculos que se lhe opõem assim como a sua finalidade consiste em possuir o seu Deus e nele repousar.
Porventura, maior honra haverá do que a de servir a Deus e de lhe pertencer? "Servi-lo é reinar".
Ao falar de Abraão, de Moisés, de Davi, dos maiores homens que apareceram sobre a terra, a Escritura os denomina "Servos de Deus". Só este título abrange os demais; nada valem os outros todos comparados a ele. Tão elevada é a qualidade de "Servo de Deus" em relação à de rei ou soberano, como elevado se acha Deus em relação aos soberanos e reis.
Ó Rei Imortal, Mestre Soberano do Universo, para vós é que fui criado, e somente para Vós!
Poderá quem Vos conheça desperdiçar com objetos outros as suas homenagens? Poderá quem Vos conheça deixar de estimar infinitamente a condição daqueles que Vos servem? Que glória igual para o homem, criatura tão miserável em si mesma como, para sua maior honra, Vos servir e vos "amar"?
Fazei Senhor, que por graça vossa eu possa compreender como uma pessoa comum, reservadamente, numa vida oculta como a de Maria, todas as vossas vontades, faz algo mais glorioso e imenso que tudo isso que é tido na conta de imenso e glorioso no conceito de um mundo insensato e "cego"!
A honra, a nobreza, a glória ligada ao vosso serviço inspirem em todas as minhas ações uma grandeza d'alma, uma generosidade e uma perseverança dignas do Mestre a quem sirvo.

IMITAÇÃO DE MARIA

CAPITULO XII - LIVRO IMITAÇÃO DE MARIA
QUE SÃO RESERVADAS PARA OS HUMILDES AS GRACAS DE DEUS

Maria - Meu filho, quero te ensinar um segredo para obteres de Deus imensas graças: é sempre te julgares indigno de as receber. Deus "dá suas graças aos humildes" (Tg 4,6). Em um coração cheio de si mesmo, não encontra lugar para os seus favores.
O Servo - Ó Rainha dos Santos, exemplos nos destes disso, exemplos que nos valem como fecunda fonte de ensinamentos.
Basta considerar o modo como vos comportastes durante a visita do Anjo, vindo por ordem do Senhor, para que vejamos os sentimentos de humildade de vossa parte.
O Anjo vos anunciou que próxima estava a hora de serdes Mãe de Deus; e todavia não podíeis entender como Deus se dignara vos escolher para tão eminente dignidade.
A ideia de tão culminante elevação sobre a natureza humana de algum modo vos tornou suspeitosa a visita d'aquele Anjo. E no momento em que o Ser Supremo se resolvera encerrar-se em vosso seio, só pensastes em vos abismar no vosso "nada".
De quantos títulos relacionados com a dignidade de Mãe de Deus, só bem quisestes imprimir no espírito o de "Serva do Senhor". Nova Eva, bem diferente da primeira Eva quisestes ser. O orgulho daquela foi a causa da perda dos privilégios divinos. Mas a vossa humildade foi a fonte mesma dos vossos privilégios.
Para "operar" em vós "grandes maravilhas", o Todo-Poderoso não levou em conta vantagens naturais ou nobrezas de origem, senão antes a vossa condição modesta. Fora natural que um Deus, humilhando-se até à natureza humana de que se revestiu, tivesse infinitas complacências para com a humildade. Convinha que para sua mãe escolhesse aquela que, por uma profunda humildade mereceria sem dúvida a mais alta de todas as dignidades.
A Deus agradastes pela virgindade. E pela humildade, Senhora, foi que a Deus concebestes!
Maria - Aos olhos de Deus, filho meu, bem mais ainda que aos dos homens, o que mais méritos tem é o que menos julga ter, ainda quando muitos méritos possua. Na verdade, o que Deus com complacência "olha no céu e na terra? As almas humildes" (Sl 112,6). "Sobre quem porei as minhas vistas", di-lo Ele próprio, "senão sobre o pobre, o que tem o espírito humilhado?" (Is 66,2).
Causa é o orgulho da pobreza de tantos cristãos vazios dos bens da graça. Se estudassem a si mesmos, o conhecimento próprio lhes daria a humildade, e esta, por atrair novas graças, remediaria a indigência deles.
Esvazia-te de ti mesmo, filho, para que de seus dons te farte Deus. Faze-te rico, confessando em teu íntimo que não és mais que miséria. Se te mostrares humilde, de ti se servirá Deus para sua glória aos que não pretendem usurpá-la nem dela se favorecer.
Quando de Deus alguma graça receberes, pensa com humildade e reconhecimento quanto necessário é que seja Deus um "bom Mestre" para gratificar assim ao último dos seus servos.
Nada atribuas a ti mesmo, daquilo que faças de bom ou de bom possuas. Ainda quando correspondas com fidelidade à graça que recebeste, lembra-te que fiel não poderias ser se acaso te faltasse o socorro da mesma graça.
Se Deus recompensa a tua fidelidade, são os seus próprios dons que Ele coroa. Traze sempre contigo estes três sentimentos: Deus é tudo, eu sou nada; Deus possui tudo, eu só miséria possuo; Deus pode tudo, eu nada posso sem o seu auxílio.
Então, em nada seres, nem possuíres nem poderes, algo serás aos olhos de Deus. Verás assim como te concederá o Senhor de bom-grado os seus favores, e que forças te dará para que saias vitorioso contra todos os inimigos que te venham a atrapalhar os passos na senda da perfeição cristã!



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